Quando a Barra da Tijuca no Rio de Janeiro começou a decair economicamente, forçando seus inúmeros empreendimentos no campo dos parques fecharem poucos anos após a abertura, a população logo achou que o principal deles, o Terra Encantada, também seguiria o mesmo caminho. Entretanto, o parque agonizou durante muito tempo, tendo 11 anos de funcionamento.
Infelizmente, essa visita foi feita já com o parque bastante avariado pelo tempo, e pela transformação dos prédios da Rua Principal, área inicial do parque, com o objetivo de serem usados nas gravações da novela Bela, a Feia.
O passaporte custava apenas R$ 20 e dava direito a todas as atrações. Logo no início do parque, era possível perceber o que esse parque foi e o que ele tinha capacidade de ser. A Rua Principal era composta por diversos prédios com espaços vazios e abandonados de lojas e restaurantes.
Nela, existiam duas atrações: o Cine 3D, que era mais restos do que um dia foi um simulador de movimentos, e o Portal das Trevas, um labirinto que continha atores fantasiados de monstros. Ao seu lado, um imenso prédio deteriorado, que deveria abrigar o primeiro Cinema IMAX no Brasil.
Quando o parque inaugurou, ele era dividido em "terras temáticas", tematizadas de acordo com os povos que ajudaram a construir o Brasil. O parque possuía uma música tema, assim como personagens próprios. Evidentemente, tudo isso foi sendo apagado do ambiente do parque lentamente.
Caso o visitante optasse por seguir pela direita, encontrava a primeira atração desativada: o Tombô. Parado desde 2005, ele girava a uma altura considerável, proporcionando uma vista completa do lago e da Península da Barra da Tijuca. As próximas atrações funcionavam, apesar de já aparentarem sua idade.
Fórmula TE era o popular bate-bate, e a Caravela, a barca pirata. Vale ressaltar que ela alcançava a maior altura de um brinquedo desse tipo no Brasil. Próximo aos dois, estava a estrela do parque: a montanha-russa de oito inversões Monte Makaya.
A Monte Makaya continua de pé desde 2010, tentando resistir as avarias do tempo. Considerada uma novidade mundial na época de sua inauguração, ela atraía os principais visitantes do Terra Encantada. Macia e extremamente radical, era uma das melhores montanhas-russas de todo o continente sul-americano.
O Terra Encantada tinha um mix bem completo de atrações, isso é inegável. A atração Corredeiras era um poderoso river rapids, com cachoeiras, jatos d'água surpresas, e uma boa capacidade. O brinquedo fez tanto sucesso entre o público do Terra Encantada, que foi recriado pelo Thermas dos Laranjais, com o nome de Rio Selvagem.
Em volta das Corredeiras, era possível ver esqueletos do que um dia foi um bonito restaurante. O parque mantinha lanchonetes em todos os pontos, de preços até bastante baratos. Era possível encontrar lanches de todos os tipos, até mesmo os tradicionais algodão doce, maçã-do-amor e pipoca.
Os brinquedos da área infantil já haviam perdido seus movimentos de subir e descer há algum tempo, mas ainda funcionavam. Um lindo carrossel ficava bem no centro, assim como a Vitória-Régia, que era as xícaras malucas. Seu disco central de rotação não funcionava, causando uma intensidade muito forte no brinquedo.
Ainda era possível encontrar um playground e uma mini montanha-russa chamada Piuí. Perto, um Trem Fantasma que outrora foi uma Fábrica de Chocolate fazia a diversão dos mais velhos. Era o único trem fantasma do Brasil com a presença de atores, o que o deixava ainda mais assustador.
Dando a volta completa pelo lago do parque, encontrava-se o Chega Mais (hoje ele está no Ita Park), um music express que já possuía a maioria de suas lâmpadas apagadas, assim como o Tornado, um chapéu mexicano. A fila da primeira atração era coberta por um prédio em formato de torre de castelo, que em seu topo se localizava duas janelas, onde eram disparados as projeções para o Show das Águas.
O Show das Águas era o show de encerramento do parque, anos atrás, composto por fogos de artifício e projeções. Lembra-se do restaurante abandonado perto das Corredeiras que citei? Das janelas de sua torre também saíam projeções.
Ao lado do Chega Mais, localizava-se a Monte Aurora, montanha-russa familiar do parque. No projeto original, ela deveria estar dentro do Castelo das Águas, uma grande estrutura de concreto, incompleta, que fica no centro do parque.
Por fim, a torre de queda livre Cabhum completava nossa visita. Foi a primeira torre desse tipo, no país, sendo a mais baixa com 60m. Funcionava apenas uma cadeira, das quatro que tinha capacidade.
O parque, apesar do ambiente de abandonado em suas estruturas e atrações, tinha jardins bem cuidados. Não havia muitas filas, pois o público era bastante baixo na maioria das vezes. Seu horário de funcionamento (15h às 21h) acabava sendo tranquilo para curtir tudo que o parque ainda tinha para oferecer.
O sentimento que fica é de tristeza, pela estrutura que o Terra Encantada apresentava. Quem quisesse recuperar o parque, provavelmente faria milhões de dinheiro pela sua localização estar bem no início da Barra da Tijuca, hoje, bairro das Olimpíadas. Infelizmente, hoje suas memórias na população carioca é de mais um empreendimento que não deu certo.
Para mim, vai ficar para sempre sendo o lugar em que eu pude ampliar a minha paixão por parques de diversão e conhecer amigos que ficaram para sempre comigo. Será sempre o lugar em que me conectei pela primeira vez com uma paixão absurda, e que não importava seu estado, sempre conseguia me arrancar sorrisos, e me deixar com uma adrenalina absurda sempre que tinha algo novo, como uma simples pintura! O espírito do Terra Encantada vai sempre ficar comigo!
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