Inaugurado em 1998, o Rio Water Planet foi um dos empreendimentos que surgiram no ramo de parques carioca por volta do começo do novo milênio. Por ter um leque de atrações invejável, o complexo aquático conseguiu sobreviver à crise que veio logo após a sua inauguração, porém, acabou fechando no ano de 2018 permanentemente. Abaixo, você pode conferir como foi minha última visita ao parque em um de seus últimos anos de operação (2015).
Localizado no bairro de Vargem Grande, o Rio Water Planet ficava muitíssimo afastado do centro da cidade do Rio de Janeiro, e não teve uma boa infraestrutura hoteleira ao seu redor, visto que seu bairro (ainda) é pouco desenvolvido. Entretanto, seu público variava de médio à grande, sendo às 14 horas o ápice do número de pessoas no parque.
O Rio Water Planet oferecia o sistema de cartão de consumo, não podendo consumir nada lá dentro com dinheiro ou cartões de crédito e débito. Para adquiri-lo, era necessário pagar 1 real. Além disso, o aluguel de armário tinha um preço bastante salgado, sendo necessário pagar R$ 40, com somente R$ 10 sendo devolvidos ao entregar a chave no fim do dia.
Para absorver tamanha quantidade de visitantes, o Rio Water Planet contava com aproximadamente 40 atrações, entre elas radicais e infantis. Seus toboáguas, assim como suas piscinas, eram excelentes, proporcionando uma diversão clássica de parque aquático. Mesmo num tempo nublado, a água do Rio Water Planet teve uma temperatura agradável em todos os pontos.
A primeira atração que se entrava em contato é o Rio Lento, que corta todo o Rio Water Planet. Sua correnteza proporcionava bons momentos de relaxamento e sua profundidade era o bastante para que todo mundo pudesse brincar. Como eu gostava quando criança ficar horas nesse rio lento, dando voltas e voltas até perder a noção completa do tempo...
Sua piscina de ondas era gigante, e possuía ao seu redor diversas espreguiçadeiras dentro de estruturas cobertas, porém seu chão era chamuscado, podendo fatalmente provocar arranhões (eu tive vários!). As ondas eram liberadas de quinze em quinze minutos. Durante o dia todo, o Rio Water Planet reproduzia clipes de músicas em um palco, que possuía sua própria piscina. Às vezes, alguns shows eram feitos no local.
As crianças possuíam algumas atrações dedicadas à elas, como pequenos toboáguas, chafarizes espalhados pela parte direita do Rio Water Planet e playgrounds aquáticos, como o Castelinho. O principal conjunto de toboáguas infantis era a Rodeo Mountain, que tinha trajetos super sinuosos! Eu sempre achava que ia sair voando daquelas curvas!
O parque tinha duas atrações abandonadas: o teleférico, que levaria os visitantes e suas boias até o topo da montanha principal do Rio Water Planet, e o Rio Selvagem 1, um toboágua esculpido na pedra. Era um sonho de todos os frequentadores do parque ver essas atrações um dia funcionando...
Na montanha principal, existiam 5 conjuntos de toboáguas, que apesar de estarem castigados pelo tempo, eram o grande motivo da interrupta operação do Rio Water Planet por 17 anos. O Conjunto Amarelo é composto da Montanha Russa Aquática, atração com quedas e curvas bastante divertidas, e dos toboáguas com boias, com curvas bastante tranquilas.
No Conjunto Vermelho, o grande destaque era o K2, localizado no topo da montanha. Não utilizando boias, possuía curvas fechadas e alta velocidade. Um dos pontos altos além da queda final, eram os momentos em que passa por dentro da terra. A atração tinha limite de peso (85kg) em virtude das suas grandes forças G.
Além dele, o Conjunto conta com o tradicional Kamikase e dois toboáguas de queda livre semelhantes, sendo sua única diferença a parte reta que é fechada em um deles. Todos as atrações de cor vermelha são somente os para mais fortes, e em algum ponto vão naturalmente provocar uma leve descolagem do corpo do toboágua, causando uma incrível sensação de airtime (a sensação de levitar).
No Conjunto Azul Escuro, duas atrações também faziam o coração quase sair pela boca. O Bala de Canhão, tinha seu percurso inteiro feito no escuro e possuía a maior velocidade já vista por mim em um toboágua, tendo uma curva extremamente fechada e inédita em seu final. Já o popular funil, denominado Space Bowl (sua fila era imensa!), era recomendado apenas para quem sabia nadar, já que sua piscina de saída possuía 2,70m de profundidade.
Três outros toboáguas de corpo tinham uma experiência um pouco mais familiar, sendo acessados por uma gruta. Possuíam partes abertas e fechadas, e uma velocidade relativamente tranquila. Perto dali, o Speed surpreendia quem o achava pequeno, principalmente pela sua última queda antes da piscina. Eu VOAVA! Quantas boas memórias de corridas apostadas...
Por questão do "altíssimo custo de energia", como era informado na entrada do Rio Water Planet, o toboágua Family Rider abria somente às 14:00, ocasionando uma gigantesca fila. Sua boia oferecia lugares para até 6 pessoas, e quanto maior o número de pessoas, maior seria a adrenalina nos momentos de curva.
Infelizmente, a atração mais única de todo o Rio Water Planet também sofria o mesmo problema do Family Rider. Percorrendo todo a montanha, o Rio Selvagem 2 atraía uma boa parte do público do Rio Water Planet que desejava enfrentar suas curvas em V, suas quedas altas e inesperadas, além de momentos na completa escuridão. Ele é até hoje o toboágua e atração de parque aquático mais doida que eu já andei.
A infraestrutura de alimentação do Rio Water Planet era muito boa, oferecendo diversas opções, como pizzas, comida à quilo, churrasco, fast-food e sobremesas. A maioria dos pontos estavam abertos, mesmo com o médio público. A qualidade não era a melhor dos mundos, porém cumpria bem seu papel.
Outrora considerado um dos mais belos do mundo, não se podia mais dizer o mesmo do Rio Water Planet. Ainda que a natureza seja bastante presente, existia uma quebra da temática do local paradisíaco com estruturas metálicas de gosto duvidoso, assim como construções construídas de forma pobre, com pouco capricho.
Além disso, as pinturas dos toboáguas estavam bastante gastas, assim como das escadas, e da sua sinalização. As piscinas possuíam uma grande quantidade de cloro, porém era bastante limpas, sem nenhum tipo de sujeira visível. A manutenção dos toboáguas abertos parecia estar em dia, sem nenhum deles apresentar sinais de deterioração grave. O Rio Water Planet tinha apenas dois vestiários, que inclusive eram pequenos, causando um conhecido alvoroço na hora de ir embora.
Seus preços eram inflados para que o Rio Water Planet podia oferecer em matéria de qualidade da experiência, com a entrada custando R$ 140 inteira e R$ 70 meia, através da loja virtual. O Rio Water Planet abria às 9hs, com as atrações abrindo uma hora depois e indo até o horário de encerramento, 17h. Caso o parque estivesse muito lotado, ficava bem difícil aproveitar todas as atrações caso não chegasse no horário de abertura.
O Rio Water Planet estava um pouco longe de ser considerada a oitava maravilha do Rio, porém a visita era indicada para aqueles que queriam desafiar um conjunto excelente de toboáguas, que arriscava dizer ser um dos melhores que eu já vi em um parque aquático. Infelizmente, foi o último parque de grande porte que a cidade do Rio de Janeiro teve, e deixa saudades para milhares de cariocas que curtiram sua infância e adolescência nos toboáguas e gostariam de estar curtindo durante a vida adulta.
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